"Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo"
(Carlos Drummond de Andrade)
Hoje li, em um cartaz, umaa frase que dizia ‘Amar é não enxergar os defeitos do outro’...mas será que isto é mesmo amar? Acho que não ‘enxergar’ os defeitos do outro, ou melhor, fazer de conta que não enxerga, não é verdadeiramente amar, mas sim, se enganar. É bem verdade que quando nos interessamos por alguém, existe aquela fase inicial marcada pela paixão, em que tudo no outro é belo e perfeito...mas, desde quando paixão é amor? Não sou nenhum especialista ou mesmo experiente no assunto, mas sempre ouvi dizer que paixão é passageira, amor é duradouro.
Acredito que, quando a paixão vai amadurecendo, se arrefecendo, começamos sim, a enxergar os defeitos de quem está ao nosso lado. Mas aí então é que se descobre se todo aquele sentimento era mera paixonite, ou se a paixão vai dar lugar ao amor. É nesse momento que o amor mostra começa a desvelar o véu existente entre cada um de nós e aquele que é objeto de nossa afeição. É nesse momento que começamos a enxergar o outro como ele realmente é, livre disfarces e ilusões. Mas a beleza desse momento é o fato de que não enxergamos o defeito do outro de forma crítica. Pelo contrário, aprendemos a entender todos os possíveis defeitos, trabalhando em conjunto na tentativa de ajudar o outro a superá-los, ou simplesmente aceitando-os dentro de nossas limitações.
Ninguém no mundo é perfeito, e tolo é aquele que se ilude achando que encontrou a perfeição naquele que está ao seu lado. Em um relacionamento, a perfeição é encontrada em pequenos momentos nos quais a compreensão, o carinho, o desejo, a honestidade e a cumplicidade estão presentes. Não, amar não é deixar de enxergar os defeitos de quem está ao seu lado...amar é enxergar estes defeitos e compreendê-los!